Retrospectiva 2025: depois de intoxicações e apreensões, São Tomé das Letras registra alívio nos casos ligados a 'doces mágicos'
29/12/2025
(Foto: Reprodução) Brigadeiros de maconha
Divulgação
Ao longo de 2025, São Tomé das Letras (MG) viveu uma mobilização inédita em torno dos chamados “brisadeiros”, “doces mágicos”, “brigaconha”, “brownies mágicos” e outros alimentos que, segundo a prefeitura e especialistas, poderiam conter substâncias ilícitas e psicotrópicas, oferecendo riscos graves à saúde de turistas.
📲 Siga a página do g1 Sul de Minas no Instagram
O alerta começou em março, quando a prefeitura divulgou um comunicado nas redes sociais orientando visitantes a não consumirem os produtos. O município informou que, apenas nos dois primeiros meses do ano, ao menos 13 turistas haviam procurado atendimento médico após ingerir os doces, apresentando sintomas como alucinações, vômitos, diarreia, náusea, mal-estar, boca seca, palpitações e desconforto no peito.
Segundo a administração municipal, os alimentos não tinham procedência garantida, eram vendidos sem autorização e poderiam conter, além de cannabis, drogas sintéticas, cogumelos alucinógenos, medicamentos psicotrópicos e até substâncias como amônia.
Leia também:
‘Doces mágicos’: alucinógenos usados em alimentos podem levar à esquizofrenia e até à morte
Polícia apreende centenas de "brisadeiros" e doces mágicos" em São Tomé das Letras
Polícia Militar/Divulgação
Especialistas reforçaram o alerta ao g1, destacando que o consumo de substâncias alucinógenas em alimentos prolonga os efeitos e os riscos, já que a absorção é mais lenta pelo organismo.
“O que essas substâncias fazem é alterar a forma como o nosso aparelho sensorial, na parte que analisa as informações do nosso cérebro, integram isso e, de alguma forma, a gente perde também a capacidade de julgar o que é real e o que não é real”, explicou o psiquiatra Frederico Garcia, na ocasião.
O psiquiatra explicou ainda que essas drogas atuam no sistema nervoso central, podendo causar alucinações, delírios, desencadear quadros psiquiátricos como esquizofrenia em pessoas predispostas e, em casos extremos, levar à morte por condições como a síndrome serotoninérgica. Segundo ele, além dos efeitos no cérebro, o preparo artesanal e sem controle pode expor o consumidor a contaminantes e substâncias tóxicas.
São Tomé das Letras faz alerta para venda de doces com substâncias ilegais
Operação Fake
Duas semanas depois, ainda em março, a Polícia Militar realizou a operação “Fake” e apreendeu quase 400 unidades de produtos suspeitos, entre “brisadeiros”, brownies e cookies “mágicos”, cogumelos e palhas italianas com cannabis. Dez pessoas, oito homens e duas mulheres, foram detidas, ouvidas e liberadas. O material foi encaminhado para a delegacia de Três Corações, e um inquérito foi instaurado.
Três meses depois do início da mobilização, a coordenadora das Vigilâncias Sanitária e de Saúde, Thayná Brito, informou que não houve novos atendimentos médicos relacionados aos doces após a campanha de conscientização.
'Brisadeiro': brigadeiros com maconha são apreendidos pela PM
Divulgação / Polícia Militar
“O propósito principal dessa campanha foi por conta do impacto na saúde. Eu sou nativa, cresci em São Tomé com os meus pais, vendo toda a história, a evolução e, de repente, tudo isso tomou uma proporção onde São Tomé ganhou uma visibilidade gigantesca por conta da venda desses produtos. Eu sou farmacêutica e isso era algo que me incomodava”, afirmou a coordenadora.
Segundo ela, o objetivo da ação foi reduzir os impactos à saúde e enfrentar a visibilidade negativa que o tema trouxe para a cidade. A Vigilância destacou ainda que, por se tratar de alimentos artesanais de livre comércio, a atuação ocorre principalmente via orientação e denúncias, com apoio da Polícia Militar quando há indícios de ilegalidade.
Veja mais notícias da região no g1 Sul de Minas