HU-UFJF moderniza teste do suor e acelera diagnóstico de doença rara; saiba como funciona exame
02/11/2025
(Foto: Reprodução) Hospital Universitário da UFJF adota novo exame para diagnóstico de fibrose cística
A pequena Esther e a família viajaram mais de 300 km de Careaçu, no sul de Minas, até o Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF), para realizar o teste do suor, exame considerado o padrão ouro para diagnosticar a fibrose cística, doença genética rara.
Esther foi encaminhada com urgência após o resultado do teste do pezinho dar inconclusivo para a doença.
Bebê Esther realizou o teste do suor no HU-UFJF
HU-UFJF/Divulgação
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Segundo a pneumologista pediátrica Marta Duarte, o teste do suor é o exame mais confiável para confirmar a fibrose cística, que causa a produção de secreções espessas nos pulmões e no sistema digestivo, provocando tosse crônica, infecções pulmonares frequentes, má absorvição de nutrientes e inchaço abdominal.
“A fibrose cística é uma doença genética. A criança herda uma mutação do pai e outra da mãe. O primeiro sinal pode surgir ainda na triagem neonatal, com o teste do pezinho. Mas só o teste do suor confirma o diagnóstico”, explica a médica.
Como funciona o teste do suor
Teste do suor
Marta Duarte/Arquivo pessoal
Pessoas com fibrose cística perdem muito mais sal pelo suor. Às vezes, o sal chega a cristalizar na pele das crianças. Antigamente a doença era chamada de “doença do beijo salgado”.
O teste pode ser feito em qualquer idade e, além do diagnóstico, também serve para monitorar, ao longo da vida, os níveis de sal no suor.
❓ Como funciona o teste:
Primeiro, é colocado um aparelho no braço do paciente, parecido com um relógio;
Em seguida, uma leve corrente elétrica é aplicada na pele do paciente junto a uma substância que induz o suor;
Esse suor é coletado e analisado para medir a concentração de cloreto — um dos componentes do sal.
Modernização do teste no HU-UFJF
Apesar do exame ser realizado no HU-UFJF há mais de 20 anos, o método utilizado até pouco tempo era manual e a leitura do exame dependia da observação da mudança de cor de uma substância, o que podia gerar variações subjetivas nos resultados.
Agora, o hospital adquiriu um equipamento, chamado cloridrômetro, que trouxe mais precisão, rapidez e segurança ao exame.
“Com esse novo aparelho, não há mais dúvida. O resultado é gerado pelo equipamento, com alta confiabilidade. E, além disso, o processo ficou mais rápido e padronizado”, destaca Clarissa Cunha, chefe da Unidade de Laboratório do HU.
O teste pode ser feito em qualquer idade, precisando apenas do encaminhamento médico
HU-UFJF/Divulgação
A implantação foi conduzida pela Unidade de Análises Clínicas e Anatomia Patológica, pela Unidade da Criança e do Adolescente e pelo Centro de Referência em Fibrose Cística, com um investimento de R$ 207.570,84, recursos próprios do hospital.
A automatização do exame também representa um avanço no monitoramento da doença, já que ele também ajuda a acompanhar a resposta ao tratamento com os novos medicamentos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), chamados moduladores da CFTR, que corrigem a proteína defeituosa responsável pela doença.
“Esses medicamentos revolucionaram o tratamento da fibrose cística. E o teste do suor nos mostra se eles estão funcionando. Se o sal no suor cai, significa que a célula está respondendo bem. Ou seja, o teste também virou ferramenta de controle terapêutico”, explica a médica Marta.
Fibrose Cística: uma doença rara, mas que pode ser tratada
Apesar de ainda não ter cura, a fibrose cística deixou de ser considerada uma doença fatal na infância. Com diagnóstico precoce, acompanhamento multidisciplinar e novas terapias, a expectativa de vida dos pacientes pode ultrapassar os 60 anos.
“Quanto antes a gente souber, mais cedo começa o tratamento, e menores são as complicações”, reforça a médica Marta Duarte.
No HU-UFJF, os pacientes são acompanhados por uma equipe especializada, com pneumologistas, gastropediatras, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos e outros profissionais que integram o Centro de Referência em Fibrose Cística, o qual faz parte do Serviço de Doenças Raras da instituição.
*estagiária sob supervisão de Victória Jenz
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