Boulos critica ausência de Zema em ato pelos 10 anos do rompimento da barragem de Mariana: 'governador turista'
05/11/2025
(Foto: Reprodução) Boulos critica ausência de Zema em ato pelos 10 anos do rompimento da barragem de Mariana
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos (PSOL), esteve em Belo Horizonte nesta quarta-feira (5) para sua primeira viagem oficial desde que assumiu o cargo. Nesta manhã, ele participou de um ato pelos dez anos do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana.
O ministro criticou a ausência do governador de MG e presidenciável Romeu Zema (Novo) nos atos que marcaram os dez anos da tragédia.
"A gente não podia deixar passar os dez anos desse crime sem vir aqui e falar olho no olho com vocês. Lamento muito que essa não seja a postura do governador Zema, que, nessa data simbólica, resolveu viajar pro exterior. Aliás, já estão dizendo por aí que o governador Zema é um governador turista, porque vai para a Europa, vai pra Ásia, mas o que não faz é cuidar do povo de Minas Gerais", declarou o ministro. (veja vídeo acima)
Segundo a agenda oficial, o governador não teve compromissos na manhã e na tarde desta quarta, e, a partir das 18h, cumprirá agendas no Rio de Janeiro (RJ). Não há registros de viagens de Zema para fora do país.
Em nota, o Governo de Minas informou que não realiza eventos públicos nas datas das tragédias de Brumadinho e Mariana, por considerar que "esses dias devem ser reservados ao luto e à reflexão das famílias e comunidades atingidas".
"A equipe da Superintendência Central de Reparação do Rio Doce, do Governo de Minas, que acompanha o cumprimento das ações de reparação e mantém diálogo com as famílias afetadas participa de solenidade em Mariana a convite da comunidade", afirmou o governo, em nota.
'Crime'
Durante discurso, Boulos afirmou que o que ocorreu em 2015 “não foi um desastre, foi um crime cometido pela Samarco”, e defendeu a punição dos responsáveis.
“Desastre é algo inevitável por causas naturais. Ali foi um crime, e o crime demanda reparação ambiental, social e humana às comunidades, às pessoas e às famílias que sofreram com os efeitos desse crime”, declarou.
Ele acrescentou que a tragédia deixou “comunidades desterritorializadas e danos ambientais que persistem até hoje”. Ao g1, a Samarco informou que não vai comentar.
O ministro ressaltou que o governo federal repactuou o acordo judicial de reparação, elevando o valor total para R$ 170 bilhões, sendo R$ 100 bilhões sob gestão do poder público e R$ 70 bilhões destinados a indenizações diretas.
Em outro trecho, o ministro defendeu a responsabilização criminal dos envolvidos e criticou a impunidade.
"Demorar dez anos e ainda o resultado ser uma absolvição completa de todas essas pessoas não é razoável. O governo Lula entende que combater o crime também passa por responsabilizar os grandes beneficiários, não só quem está na ponta", afirmou.
Durante o ato, Boulos também rechaçou a tentativa de privatização da Copasa, em pauta nesta quarta na Assembleia. Ele afirmou que o refinanciamento da dívida de Minas com a União não está condicionado à venda da estatal.
Boulos discursa a apoiadores durante ato pelos 10 anos do rompimento da barragem de Mariana (MG).
Sérgio Leite/TV Globo
Vídeos mais assistidos do g1 MG